segunda-feira, 5 de setembro de 2016 às 20:04

Narcos - 2ª Temporada: Pablo Escobar provando que nem mesmo Deus deveria ser tão poderoso

Nota 4/5
Narcos - 2 ª Temporada
Ontem tive dificuldade para dormir. Era meia noite e dezessete quando fui pra cama. Tinha acabado de assistir ao último episódio da segunda temporada da Narcos. Normalmente as séries me dão sono, acabo desligando antes da TV. Mas dessa vez fiquei envolvido em um mix de emoções contraditórias. De um lado o alívio pelo fim sangrento da história de Pablo Escobar. De outro o sentimento de luto pela morte de um pai de família que morou algum tempo na esquina ao lado. Minha mente não conseguia trabalhar com essas duas sensações, causando um estranhamento no corpo e dificuldade para relaxar. Sem saber por onde ir, meu cérebro acabou criando cenários de lutos pessoais.

Só consegui sair desse labirinto forçando-me a visualizar as mortes, assassinatos, atentados terroristas contra inúmeras crianças e inocentes promovidas por El Patron. Provoquei-me a assistir mentalmente ao episódio 11 da série, mas dessa vez sem o filtro dos recursos multimídia, maquiagem teatral ou qualquer dos três “d” da trilha musical. A voz que me fiz escutar foram dos gritos, tiros e bombas que aterrorizaram o povo colombiano por tantos anos. É assustador como uma única pessoa -- com uma mente demoníaca e a motivação canalizada -- possa ter tanto poder. Nem mesmo Deus deveria ser tão poderoso, quiçá um homem.

Narcos - 2ª Temporada Narcos - 2ª Temporada

É culpa de Narcos. O seriado estrelado pelo brasileiro Wágner Moura e co-produzido por José Padilha, merece o sucesso que vem conquistando. A série é um dos maiores motivos para assinar a Netflix. Um trabalho impressionante em todos os aspectos, inclusive por apresentar um história que ocorreu há pouco tempo e aqui ao lado do Brasil. É surreal e ao mesmo tempo sedutor. Como as pessoas conseguiam viver naquele ambiente tão agressivo? Como alguém pode fugir por tanto tempo? Como tantas autoridades aceitam a submissão ao crime? Por que há sempre gente imbuída em seguir esse tipo de líder?

Narcos tem esses méritos, mas o maior deles é nos confundir. O vilão é um exemplo de pai, coloca a família acima de tudo, é protetor, companheiro, romântico, compreensivo e emocionalmente equilibrado. Os mocinhos são ardilosos, fracassam em família, deixam os filhos em segundo plano e maltratam psicologicamente suas mulheres. A razão diz para torcer por um e a emoção por outro. Um embate construído e descontruído sem pressa, episódio a episódio. Tudo empacotado com fotos, vídeos e relatos que dão veracidade à lenda. Narcos nos envergonha e expõe a vulnerabilidade humana diante dos arroubos do poder.

Ficha técnica:
Título no Brasil: Narcos
Título Original: Narcos
Ano de Lançamento: 2016
País origem: EUA
Direção: Andrés Baiz, Gerardo Naranjo, Josef Kubota, Wladyka, José Padilha e Sebastián Silva
Roteiro: Carlo Bernard, Chris Brancato, Curtis Gwynn, Doug Miro, Steve Lightfoot e T.J. Brady
Elenco: Wagner Moura, Pedro Pascal, Boyd Holbrook, Paulina Gaitan, Damián Alcázar

Confira o trailer legendado:

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